Costumo ouvir, inclusive da minha boca: “Quando preciso disto, nunca encontro, (inserir palavrão)!”
Basicamente, o que antecede este mítico monólogo é o simples facto de não encontrarmos algo que precisamos momentaneamente, que está no sítio mais improvável da bagunça que fizemos, embora consideremos que tudo esteja gratificantemente arrumado e organizado (só não nos lembramos onde está esse “algo”, durante as buscas – coincidências) até ao inevitável confronto da realidade (e da verdade). Por outras palavras, a Lei de Murphy vence o Indiana Jones que há em nós. Talvez não sejam as melhoras palavras, mas uma frase síntese, contendo algo aparentemente inteligente, dá sempre o seu “oxigénio de graça” ao texto.
Se naquele dia não soubermos onde está a carta com a conta da luz daquele mês, embora guardemos todas as contas naquela pasta, dentro daquela gaveta, se naquela hora não soubermos dos brincos que combinam irresistivelmente com aquela roupa, embora guardemos todos os brincos naquela caixa, dentro do roupeiro (porque é que estou a falar desta maneira sobre brincos?) e infinitamente adiante, então basta começar a guardar qualquer utensílio no seu suposto local, logo no momento, ao invés de colocá-lo, ao calhas, dentro de casa, para mais tarde arrecadá-lo devidamente. Simples, não é? É. Melhor do que ouvir este monólogo constantemente, não? Sim. João (sim estou a falar contigo, no teu próprio texto), estás a aprender alguma coisa com o que escreves? Claro. E já que “não encontramos o que precisamos, apenas, exclusiva e unicamente, só quando necessitamos”, (pensamento que nos leva a pressagiar) então se tudo estiver em ordem e deixarmos de lado (ou para trás, ou extremamente lá para a frente) a invocação daquele animal, que raramente aparece no “BBC Vida Selvagem”, teremos tudo a correr, a andar, a bicicletar pelo melhor, sem transtornos, ou seja, como sabemos onde estará “aquela coisa”, o Deus da Calamidade nem irá aparecer para nos colocar num “Evereste de nervos”, à procura “daquela coisa”, suposta e extremamente importante. Não lhe dá pica. Nem vício.
Escrita por um médico e posteriormente traduzida por um farmacêutico, a receita para estas situações, seria muito sumariamente: “Não deixes para amanhã (ou para outro dia qualquer, “amanhã” pode estar a chover), o que podes fazer hoje (e agora)”. E por incrível que pareça, esta receita, que não vem de nenhuma “seita”, funciona em muitas outras coisas!